Endividamento das famílias se reduz em 2017

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Close-up of couple doing finances at home

Tendência é de queda da inadimplência tanto de pessoas jurídicas quanto de pessoas físicas nos próximos meses, aponta Ceper/Fundace

O endividamento das famílias em relação à sua renda regrediu de forma contínua, passando de 46,1%, em setembro de 2015 para 42%, em janeiro deste ano, uma redução de 4,1 pontos percentuais. É o que mostra o Boletim Crédito de Abril, do Ceper/Fundace. Importante ressaltar que o período também foi de queda da renda real do trabalhador, o que faz com que a retração da dívida das famílias tenha sido ainda maior.

De acordo com os dados apresentados no Boletim, a carteira de crédito de pessoas físicas apresentou queda real de 6,03% entre janeiro de 2015 e fevereiro de 2017. “A queda do endividamento das famílias é reflexo do atual cenário econômico. Dado o alto desemprego atual, a renda comprometida, a taxa de juros ainda alta – apesar das quedas da taxa Selic definidas nas últimas reuniões do COPOM – e as incertezas quanto à evolução da economia, os indivíduos estão tendo maior dificuldade em tomar novos créditos”, explica o pesquisador do Ceper/Fundace e coordenador do estudo, Luciano Nakabashi.

No caso das pessoas jurídicas, a queda real no mesmo período foi ainda mais acentuada:  de 19,11%,  o que indica o período de dificuldades enfrentadas pelas empresas, refletindo na redução dos investimentos e também na maior dificuldade de acesso ao crédito.

Para Nakabashi, apesar da alta taxa de desemprego, a queda do endividamento das famílias e empresas, além da redução da taxa de juros – que deve continuar ocorrendo – dão espaço para uma possível retomada do consumo e do investimento.

A partir de outubro de 2016, após período frequente de altas subsequentes, a inadimplência de pessoas jurídicas se estabilizou,  registrando 3,51% em fevereiro deste ano. A inadimplência de pessoas físicas, maior que a de pessoas jurídicas ao longo de todo o período, apresentou queda a partir do primeiro trimestre de 2016, indicando o processo de ajuste das famílias ao cenário de crise econômica.

“A tendência é de queda da inadimplência tanto de pessoas jurídicas quanto de pessoas físicas nos próximos meses se o cenário de recuperação econômica ocorrer, o que ainda não está certo. O impacto da redução da taxa Selic irá contribuir para esta queda”, analisa o pesquisador.

Crédito – As operações de crédito (total), empréstimos e títulos descontados, financiamentos em geral, financiamentos imobiliários e operações de crédito no agronegócio variaram negativamente em janeiro de 2017 em comparação a janeiro de 2016 em todas as regiões analisadas pelo Ceper, com exceção das operações de crédito do agronegócio em Ribeirão Preto e Campinas, que apresentaram crescimento de 1,5% e 0,3% respectivamente. Nos dois municípios, a melhora nas operações de crédito para o agronegócio está relacionada à recuperação do setor sucroalcooleiro, explica Nakabashi.

As duas cidades, porém, se destacam negativamente nos financiamentos imobiliários em relação ao interior paulista. Isto porque estes municípios apresentaram grande número de lançamentos em anos anteriores e, com a retração do setor, também apresentam maiores quedas nesta modalidade de financiamento.

No Brasil, as operações de crédito apresentaram variação negativa de 17,1%. No estado de São Paulo, a retração foi ainda mais severa (-19,1%) devido às dificuldades enfrentadas pelas empresas paulistas sobretudo do segmento da indústria.

Na Região Administrativa de Ribeirão Preto (RARP), a queda foi em percentual inferior em relação ao Estado e ao País, mas mais intensa do que no interior paulista, indicando maior dificuldade das empresas e famílias.

“Em linhas gerais, nota-se que ocorreu uma piora generalizada no mercado de crédito. Espera-se que o ajuste do mercado imobiliário e uma possível estabilização do mercado de trabalho a partir do segundo semestre de 2017, além de uma trajetória de queda da taxa de juros, levem a uma estabilização nas operações de crédito ao longo de 2017, com possível melhora a partir de 2018”, prevê Nakabashi.

O Boletim Crédito pode ser acessado no site da Fundace através do link: https://www.fundace.org.br/_up_ceper_boletim/ceper_201704_00280.pdf

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