Endividamento das famílias é o menor desde janeiro de 2015

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Close-up of couple doing finances at home
Boletim Ceper/Fundace mostra que inadimplência deve continuar caindo lentamente ao longo de 2018 com a melhora da renda e do emprego

O Boletim de Crédito de novembro do Ceper/Fundace, que analisa os dados sobre o crédito no País, divulgado pelo Banco Central do Brasil (BCB), mostra a condição ainda fragilizada da economia brasileira, mas com perspectivas de melhora para 2018.

Segundo os dados, o endividamento das famílias em relação à renda acumulada continua em queda, mostrando que o nível de endividamento tem se estabilizado.

As taxas de inadimplência de pessoas físicas e jurídicas, assim como a inadimplência total, se mantiveram estáveis desde julho.

A perspectiva é que a inadimplência deve continuar caindo lentamente ao longo de 2018 à medida que a renda do brasileiro e o emprego no País melhorem”, avalia o pesquisador do Ceper e coordenador do Boletim Crédito, Luciano Nakabashi.

Segundo ele, de maneira geral, o endividamento vem seguindo trajetória de queda desde setembro de 2015 devido à quitação das dívidas pelas famílias e pela não contração de novos empréstimos.

Operações de Crédito – Em outubro deste ano,o saldo total da carteira de crédito sofreu uma queda discreta de 0,5% em relação ao mês anterior, fechando o período em R$ 3,05 trilhões.

A queda decorreu, sobretudo, por um movimento negativo da carteira de pessoas jurídicas, cujo saldo foi de R$ 1,44 trilhão, em setembro, para R$ 1,425 trilhão, em outubro.

O saldo da carteira de pessoas físicas manteve-se em R$ 1,63 trilhão. Os saldos de ambas as carteiras, que registram trajetória descendente deste dezembro de 2014, refletem a grave crise que o País atravessou entre o final de 2014 e início de 2017.

Das cinco modalidades de crédito observadas, três (operações de crédito, empréstimos e títulos descontados e financiamentos em geral) tiveram variação negativa em relação a agosto de 2016 em todas as regiões analisadas.

A modalidade que sofreu as maiores quedas foi a de financiamentos em geral, que compreende operações realizadas com destinação específica. Destacam-se as expressivas variações nos municípios de Sertãozinho (-41,4%) e Franca (-39,0%). Nestes municípios também houve queda expressiva na modalidade de empréstimos e títulos descontados, isto é, operações realizadas sem destinação específica como, por exemplo, para o capital de giro de empresas.

O crédito para o agronegócio foi a única categoria que apresentou variação positiva, porém somente em dois municípios: Sertãozinho (19,3%) e Campinas (3,5%). Nos demais municípios, o crédito para o agronegócio sofreu quedas expressivas, como em São José do Rio Preto (-17,3%) e em Araraquara (-13,4%).

Conclusão – De um modo geral, o que se observa no mercado brasileiro de crédito em outubro de 2017 foi uma ligeira diminuição do endividamento das famílias e uma redução do saldo da carteira de crédito para as pessoas jurídicas, com manutenção do saldo para as pessoas físicas.

As operações de crédito, como um todo, foram inferiores àquelas registradas no mesmo período do ano anterior. Em níveis nacional e estadual, foram observadas variações negativas em todas as modalidades. “Esta trajetória reflete, sobretudo, a grave crise econômica que o País atravessou, sendo que o ambiente de incertezas ainda tem afetado a disposição do sistema financeiro na concessão de novos empréstimos”, avalia Nakabashi.

Alguns indicadores apontam melhorias no mercado de crédito, em especial a redução da inadimplência de pessoas físicas e pessoas jurídicas. O saldo das operações de crédito para as famílias também está se estabilizando.

“A tendência é que as operações de crédito comecem uma lenta recuperação em 2018, inclusive para as empresas, visto a importante trajetória de queda das taxas de juros que ocorreu ao longo de 2017”, completa o pesquisador.

Ele destaca-se ainda que, para que a atividade econômica seja retomada de uma forma sustentável, é preciso ter confiança de que o País seguirá adiante em seu processo de ajuste das contas públicas, além da manutenção da agenda de reformas que melhorem a eficiência econômica e a estabilidade das regras. “Caso contrário, o País corre o risco de entrar em novo processo de estagnação a partir de 2019 ou 2020”, conclui.

O Boletim Crédito completo pode ser acessado no site da Fundace neste link: /www.fundace.org.br/_up_ceper_boletim/ceper_201711_00330.pdf.

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