Dia mundial da água e a oportunidade para reuso de águas residuais

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Águas residuais: oportunidade para reuso

Nossa sociedade considera a água, erroneamente, como um recurso natural infinito. No entanto, os conflitos dos usos múltiplos da água são comuns e, ao longo do tempo, a quantidade e a qualidade das águas ficaram comprometidas, fazendo deste recurso um objeto dotado de valor econômico.

No dia 22 de março é comemorado o Dia Mundial da Água e, neste ano, o foco das discussões, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) será o tema “Águas Residuais”, que contemplam todas as águas que tiveram sua qualidade natural alterada após uso urbano (nas residências e comércios) ou industrial (incluindo agroindústrias). Desse modo, tais águas contêm impurezas e contaminantes que podem ser negativos a todos os seres vivos.

Há uma preocupação mundial relacionada aos resíduos industriais, urbanos e agrícolas. A restrição de espaço e a necessidade de atender cada vez mais as demandas de energia, água de boa qualidade e alimento, colocam os custos de tratamento e de captação da água como um obstáculo a ser vencido.

Para remover as substâncias contaminantes devem ser empregados tratamentos que não causem danos ao ecossistema, ou mesmo à sua qualidade necessária para reuso. Segundo dados do Instituto Trata Brasil, de fevereiro de 2017, apenas 48,6% da população tem acesso à coleta de esgoto, sendo que deste efluente coletado, somente 40% passa por algum tipo de tratamento antes de ser descartado no meio ambiente. Por isso, ações de coleta e tratamento de águas residuais são tão importantes. Um estudo sugere que para cada R$ 1 investido em saneamento economiza-se R$ 4 na área da saúde.

A universalização do saneamento com atendimento em 100% de tratamento de água, coleta e tratamento de águas residuais é essência para a dignidade humana e para a saúde pública. O Instituto Trata Brasil estima que serão necessários R$ 508 bilhões, até 2033, para universalizar o acesso aos quatro serviços do saneamento: água, esgotos, resíduos sólidos e drenagem urbana. Somente para água e esgoto serão necessários R$ 303 bilhões, aproximadamente 60% do total.

Para implantar um sistema de tratamento de água é preciso conhecer as características dos poluentes, a área necessária para infraestrutura do tratamento, o custo de implantação e a qualidade exigida para reutilização ou descarte nos corpos d’água.

O investimento em tratamento e reutilização de água se faz necessário diante do atual cenário que vivemos, pois só assim estaremos conscientizando e controlando os usos excessivos, a contaminação ou perdas de água. Além disso, os Comitês de Bacia da região (Pardo, Mogi, Baixo Pardo Grande e Sapucaí-Mirim/Grande) já estão implantando a cobrança pelo uso da água e estão na fase do ato convocatório de todos que possuem outorga, com previsão de envio de boletos em julho de 2017.

Quando não somos cobrados, muitas vezes não pensamos no gerenciamento de forma sustentável, ou seja, a cobrança fará com que os usuários fiquem disciplinados e façam esforço para melhorar, visto que, na maioria dos processos produtivos, pode ser aplicada a regra dos “3R’s” para reduzir, reutilizar e reciclar a água.

O tema das águas residuais é primordial para a área ambiental e de interesse público para a sociedade, visto que, atualmente, há um certo descaso devido à prioridade econômica de todos os setores. O importante é sensibilizar as pessoas para o tema do meio ambiente, preservando os nossos exemplos e problemas do dia-dia. É preciso refletir para assegurar a continuidade da vida.

Anderson Manzoli é engenheiro civil e doutor em Engenharia de Transportes. Atualmente coordena os cursos de Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Engenharia Ambiental e Sanitária, Engenharia Civil (EAD) e Engenharia de Produção (EAD) no Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto.

Gabriela Albino Marafão é engenharia ambiental e mestre em Engenharia Hidráulica e Saneamento.

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