Endividamento das famílias é o menor desde janeiro de 2013

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Close-up of couple doing finances at home

Estudo do Ceper/Fundace também mostra redução da inadimplência no mês de junho deste ano

 

O endividamento das famílias em relação à renda dos últimos 12 meses chegou a 41,53% no mês de maio, o menor valor desde janeiro de 2013. É o que mostra o Boletim Crédito do Ceper/Fundace. A trajetória de queda do endividamento vem sendo observada desde setembro de 2015.

“Isso indica que as famílias estão fazendo um esforço para pagar suas dívidas e não estão tomando novos empréstimos em decorrência da situação da economia brasileira”, avalia o pesquisador Luciano Nakabashi, que também é docente da FEARP-USP (Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo).

O estudo também mostra redução da inadimplência no mês de junho de 2017 em relação ao mês anterior, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica, revertendo a trajetória de alta da inadimplência total. Para Nakabashi, essa queda, apesar de positiva, não permite concluir que a situação financeira dos agentes melhorou, mas é um elemento positivo em um processo de retomada da economia.

O estoque das operações de crédito tanto para pessoas físicas quanto jurídicas sofreu queda, apontando o processo de desalavancagem das empresas e famílias.  A trajetória de queda do estoque das operações de crédito, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, iniciada em dezembro de 2014, mostra que a situação do mercado de crédito no Brasil ainda está abalada pela baixa atividade econômica do Brasil, mas também aponta um maior fôlego para a retomada de empréstimos em períodos de recuperação da economia.

Os dados do Boletim do Ceper mostram que ocorreu redução do volume de crédito das categorias – total, empréstimos e títulos descontados, financiamentos em geral e financiamentos imobiliários – na comparação de maio de 2017 com maio de 2016 em todas as regiões analisadas.

As operações de crédito sofreram significativa redução no município de Campinas e os segmentos de empréstimos e títulos descontados e financiamentos em geral apresentaram redução significativa em Sertãozinho. Já financiamentos imobiliários foram mais afetados na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

O Agronegócio foi a única categoria de crédito dentre as analisadas que apresentou crescimento nos últimos doze meses encerrados em maio deste ano, mas apenas em Sertãozinho e Campinas. Além disso, somente Campinas apresentou crescimento no acumulado de janeiro a maio, em comparação com o mesmo período de 2016.

Análise do Ceper/Fundace – O mercado brasileiro de crédito contou com redução do endividamento das famílias e redução do estoque das operações de crédito de pessoas físicas e jurídicas. As operações de crédito foram inferiores às registradas no mesmo período do ano anterior. O segmento econômico mais afetado pela redução do crédito, nos últimos meses, foi a indústria, seguida por agropecuária e serviços.

Houve redução da demanda e oferta de crédito destinada ao consumo e para pequenas e médias empresas e houve ainda redução percentual no volume de aprovações de crédito. O setor habitacional foi menos afetado e contou com aumento da oferta de crédito para financiamentos no segundo trimestre deste ano.

No entanto, alguns indicadores apontam melhorias no mercado. Além da redução da inadimplência de pessoas físicas e pessoas jurídicas registrada em junho, houve redução no percentual de atrasos de 90 dias do pagamento de operações de crédito pendentes.

O processo de desalavancagem das empresas e famílias e a queda da inadimplência mostram que a economia vem apresentando um ajuste que será importante no processo de retomada. Adicionalmente, a trajetória de redução da taxa de juros irá estimular o mercado de crédito com mais força no segundo trimestre de 2017 e primeiro de 2018 através de investimentos e consumo.

“Os indicadores apresentam um alento no curto prazo, mas uma retomada mais consistente da economia ainda depende da aprovação de reformas importantes, como a previdenciária e tributária. Manter a agenda de reformas é fundamental para o controle dos gastos do governo e para o aumento da eficiência econômica, elementos essenciais para a manutenção do crescimento por períodos mais longos de tempo”, conclui Nakabashi.

O Boletim Crédito na íntegra pode ser acessado neste link: https://www.fundace.org.br/_up_ceper_boletim/ceper_201708_00304.pdf.

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